quinta-feira, setembro 01, 2011

iShellby Shuffle 3



Comer, Rezar, Amar. Definitivamente, o livro e o filme não entram na minha lista de favoritos. Aliás, só entrei na sessão de cinema porque meu primo lindo de São Paulo quis fazer uma média com a titia (no caso, minha mãe) e ir ao mesmo filme que ela escolheu – eu queria Tropa de Elite 2, sentiu a diferença? Pois bem. Já que o ingresso foi pago e eu morri lentamente assisti aos mais de 120 minutos de filme – e, enquanto isso, meu primo cochilava tranquilamente na poltrona dele.
O filme conta a história de Liz Gilbert, uma recém separada desesperada que decide dar uma virada na vida e viajar durante um ano pra “retomar seu apetite pela vida”. É, é bem filme pra mãe assistir, uma quarentona não contente com o fim de um relacionamento e que toma coragem- além de ter dinheiro para viajar por aí- e faz uma busca de si mesma, sem homens , amigos antigos e familiares para atrapalhar. Obviamente, no final ela acha um bonitão e blá blá blá, coitados dos solteiros- morrem infelizes em finais de novelas e de filmes açucarados.


Pois bem, fim da sessão, fim da minha experiência com o filme, certo? Errado.
Alguns bons meses depois, eu estava trabalhando na Feira do Livro de Ribeirão, monitorando o Cinema Cultural. Entre as atrações, o bendito Comer, Rezar , Amar. E o público cheio de quarentonas e senhorinhas.
Enfim, eu estava do lado de fora do estande quando uma senhora me chamou de canto. Ela carregava umas pastinhas e estava vestida com roupas comportadas e até com luvinhas de renda. Não lembro como a pergunta foi formulada, mas ela me perguntou basicamente o quanto o filme era apropriado. OI? Daí ela me explicou que era de uma religião X e que um dos ensinamentos que ela recebeu em sua educação na igreja foi a que existem filmes extremamente inapropriados para as pessoas de boa fé – seus fiéis deveriam até evitar frequentar cinemas (segundo ela).Após o meu tempo sem reação (aka pensando COMO VOCÊ PODE ACREDITAR NISSO?@@), eu conversei um pouco sobre cinema e como os filmes podem trazer elementos construtivos para nossa vida –além da distração- e quando comecei a falar sobre o bendito filme para cinquentonas, ela me interrompeu e disse:
- O meu marido foi embora...e eu o espero há 10 anos.
CUMA? COMO alguém consegue esperar por 10 anos? O cara largou a tia e se mandou, puf.10 FUCKIN ANOS ._.
- outro momento sem reação enquanto eu olhava pra ela e tentava dar um sorriso simpático e que ao mesmo tempo dissesse ‘tá tudo bem, Pikachu’-
Aí eu tive que fazer uma resenha do filme para a mulher apontando os lados positivos para ela assistir e se valorizar, esquecer o marido de 10 anos atrás. MAS OLHA SÓ, ALBERTO, COMO AS COISAS SÃO DANADINHAS. Num dia eu morro de ódio do filme e no outro eu preciso falar sobre como ele pode ser maravilhoso para alguém... damn.
Para resumir: ela me alugou ali durante uma meia-hora ou mais e conversou sobre como deus a ajudava na hora de tomar decisões com as 2 filhas e suas brigas eternas. Só consegui me livrar depois da minha coordenadora aparecer e dizer umas 6 vezes:  “Pois é...então...eu preciso voltar para o trabalho...”

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