quarta-feira, agosto 01, 2012

Manhãs de Terça

  Nos meus alguns anos de ballet e jazz, eu tinha na cabeça que, para seduzir meu público, era necessário executar cada passo com perfeição, esticar bem as pernas e manter os braços na posição correta, tudo acompanhando o tempo da música e os benditos “1,2, 3, 4, 5,6, 7 e 8” dos ensaios.

  Depois disso, tive a oportunidade de conhecer um pouco do tango. Nele, você seduz somente o seu parceiro de dança e é a química durante dos seus passos que encantará o público. São duas coreografias acontecendo paralelamente: aquela feita com os braços, pernas e tronco e a feita com o olhar, com o carão, encarando o outro como se fosse o amor da sua vida, transbordando paixão e desejo.
  Este ano realizei uma vontade que sempre ficou meio escondidinha: a dança do ventre. Quase toda mulher tem ou já teve curiosidade em saber como movimentar tanto o quadril e de maneira extremamente sexy, sem cair no vulgar. Mas, como quase toda mulher, meu maior medo era encarar o espelho quando vestisse uma daquelas roupas “de Jade” ou de parecer ridícula, sem coordenação. As aulas estão me provando o contrário.
  As minhas manhãs de terça são bem mais divertidas. Não aprendo somente passos, aprendo uma cultura diferente, aprendo a gostar de mim mesma. Ah, claro, sem contar as brincadeiras durante as aulas e o véu que enrosca na nossa perna, ou, ao invés de cair suavemente para trás, cai todo atrapalhado em cima da gente. Quem é iniciante me entenderá muito bem.
  Além de tudo isso, descubro elementos em comum com o jazz, o ballet e o tango. Precisamos sim da precisão dos movimentos e também precisamos da sensualidade, porém a precisão fica mascarada com a naturalidade dos passos e a sensualidade é concentrada no olhar e em como utilizamos o véu, as taças ou a espada. Formamos um conjunto misterioso, encantador para quem nos assiste e prazeroso para quem executa.
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Foto: Jefferson Barcellos (meu querido professor da faculdade)

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