Nos meus alguns anos de ballet e jazz, eu tinha na cabeça
que, para seduzir meu público, era necessário executar cada passo com
perfeição, esticar bem as pernas e manter os braços na posição correta, tudo
acompanhando o tempo da música e os benditos “1,2, 3, 4, 5,6, 7 e 8” dos ensaios.
Depois disso, tive a oportunidade de conhecer um pouco do
tango. Nele, você seduz somente o seu parceiro de dança e é a química durante dos
seus passos que encantará o público. São duas coreografias acontecendo
paralelamente: aquela feita com os braços, pernas e tronco e a feita com o
olhar, com o carão, encarando o outro como se fosse o amor da sua vida,
transbordando paixão e desejo.
Este ano realizei uma vontade que sempre ficou meio
escondidinha: a dança do ventre. Quase toda mulher tem ou já teve curiosidade
em saber como movimentar tanto o quadril e de maneira extremamente sexy, sem
cair no vulgar. Mas, como quase toda mulher, meu maior medo era encarar o
espelho quando vestisse uma daquelas roupas “de Jade” ou de parecer ridícula,
sem coordenação. As aulas estão me provando o contrário.
As minhas manhãs de terça são bem mais divertidas. Não
aprendo somente passos, aprendo uma cultura diferente, aprendo a gostar de mim
mesma. Ah, claro, sem contar as brincadeiras durante as aulas e o véu que enrosca
na nossa perna, ou, ao invés de cair suavemente para trás, cai todo atrapalhado
em cima da gente. Quem é iniciante me entenderá muito bem.
Além de tudo isso, descubro elementos em comum com o jazz, o
ballet e o tango. Precisamos sim da precisão dos movimentos e também precisamos
da sensualidade, porém a precisão fica mascarada com a naturalidade dos passos
e a sensualidade é concentrada no olhar e em como utilizamos o véu, as taças ou
a espada. Formamos um conjunto misterioso, encantador para quem nos assiste e
prazeroso para quem executa.
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Foto: Jefferson Barcellos (meu querido professor da faculdade)
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